vasco lourenço“Pessoalmente, desde que há alguns anos entrei para a Maçonaria, assumi publicamente essa qualidade.

Deve um maçon chegar a primeiro-ministro? Quem assim pergunta não conhece a natureza da Maçonaria e tem para com ela uns preconceitos nada abonatórios e despropositados. É frequente fazerem-se afirmações onde se generalizam atitudes de alguns maçons, nada conformes com a natureza da Maçonaria e da generalidade dos maçons, para justificar teorias como a expressa naquela pergunta.

Há maçons que se servem da Maçonaria — como aconteceu na célebre loja Mozart — para fins contrários aos princípios e valores da Maçonaria? É um facto, mas, pergunto: será porque num ou noutro partido político existem militantes e dirigentes corruptos que vamos afirmar que os partidos políticos — todos — são grupos de corruptos, donde resulta que nenhum dos seus membros possa, ou deva, chegar a primeiro-ministro? Ou pensar-se-á que o “secretismo” e “as próprias regras hierárquicas” da Maçonaria suplantam as existentes nos partidos políticos?

Por outro lado, cai-se muitas vezes no erro comum dos detractores da Maçonaria: terríveis conspiradores, sempre que têm qualquer comportamento com o qual se esteja em desacordo, aqui-d’el-rei, que isso se deve ao facto de serem maçons! Como se os maçons não tivessem outros interesses na vida, isto é, como se para os maçons não houvesse vida para além da Maçonaria!

Pessoalmente, desde que há alguns anos entrei para a Maçonaria, assumi publicamente essa qualidade. Respeito os (ou as) que o não fazem, até pelos preconceitos que muita gente tem em relação aos maçons, com as nefastas consequências daí resultantes.

Na Maçonaria há hierarquias? Sim, como em qualquer organização minimamente democrática. Mas de uma coisa podem os que têm ideias preconceituosas sobre a Maçonaria ter a certeza: um maçon (ou uma maçona) é, acima de tudo, um homem livre (ou uma mulher livre). Nós costumamos acrescentar, “e de bons costumes”. Lamentavelmente, como organização de seres humanos, a Maçonaria (ou as Maçonarias) não é perfeita e tem lá dentro alguns que não praticam os seus valores e tentam servir-se, em vez de servir…

Mas aí volto à mesma questão: e nos partidos políticos? E nas diversas organizações religiosas? E nas outras organizações, mais ou menos abertas, mais ou menos discretas? Isto é, e no resto da sociedade? Se formos por aí, não encontraremos ninguém que tenha condições para chegar a primeiro-ministro!…” (Fonte: Público – Artigo de opinião de Vasco Lourenço)

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